quinta-feira, março 13, 2008

Para não dizer que não falei das flores...

Uma excelente matéria sobre o que acontece (e aconteceu) em Campos...

http://odia.terra.com.br/rio/htm/campos_bando_roubava_r_3_7_milhoes_por_mes_157439.asp

quarta-feira, março 12, 2008

E assim correm os dias...

Soube por mais de uma pessoa da intervenção da Polícia Federal em Campos dos Goytacazes. Espero pelos jornais impressos de amanhã. Eventos como este suscitam reações as mais diversas, algumas beirando à histeria. Como não poderia deixar de ser, rápidas leituras sobre os rumos da política pipocam. “Será que Arnaldo será candidato mesmo?” ou “Garotinho será prefeito mais uma vez?”. A menção a dois nomes da política local que assumiram nos últimos anos visibilidade no país não é despropositada. Assim se faz em termos binários – para usar uma linguagem da informática - a visão comum sobre o desenrolar da investigação operada pela PF. Impressionante o engarrafamento nas principais ruas da cidade e o tumulto em frente da Câmara de Vereadores. Muitos procurando se informar ou se precaver ante o ocorrido. Por maior evidência que possamos atribuir à cobertura jornalística da ação policial, a dita visão binária omite a profundidade dos conflitos de valores e de interesses entre mandantes e mandatários. Penso que a pergunta sobre a possibilidade de uma contestação organizada seja um bom começo para um debate que inclua não apenas círculos acadêmicos e que não espelhe o elitismo anti-plebeu (do qual todos nos sentimos um pouco tentados). Talvez certos níveis de análise se articulem como um pano-de-fundo dessa situação: de um lado, a disputa de grupos de interesse privado no loteamento do botim municipal e, de outro, o desemprego em massa combinado à elevada segregação sócio-econômica. As pesquisas sobre desenvolvimento local apontam com detalhamento os condicionantes dessa segregação. Para além das curvas dos royalties há que se dimensionar as alternativas que se abrem nos termos da sucessão eleitoral vindoura. Aqui, deparamos com uma perspectiva amarga – there is no future –, ao menos quanto à formação de coletivos cuja experiência seja restrita ao mercado político convencional. Movimento estudantil, sindicatos e demais associações e movimentos de luta com grupos independentes têm uma breve janela histórica para viabilizar demandas sociais obstruídas há muito pelas redes de clientela dos “garotinhos”, “arnaldos”, “moicabers” e similares. No entanto, quais concepções e práticas poderão ser mobilizadas para tal contestação política? Outro sabor amargo: entre a opulência e a pobreza massiva há relações de troca que fazem dos “assistidos” de sempre à classe média remediada uma sólida base social do arranjo de poder cuja lógica não pode ser entendida pela lente do personalismo. Sob o abrigo do pessimismo da razão e com certa dose de vontade façamos as tomadas de posição necessárias.

Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Jr.

Sociólogo
Mestrando em Políticas Sociais (UENF)

domingo, dezembro 09, 2007

Pensando a violência...

Depois de muita insistência por parte de alguns amigos que tomaram o filme “Tropa de Elite” como a realidade tal qual é, obrigo-me a escrever estas linhas sobre a recorrência do autoritarismo no discurso oficial e nas falas de alguns "especialistas" em violência.

A primeira vez que lembro a associação entre violência armada e tráfico de drogas foi sob o rótulo "narco-terrorismo" quando da intensificação dos conflitos deflagrados entre as FARC, governo colombiano e grupos paramilitares nele instalados, lá pelos idos de 1998, associação essa sugerida provavelmente de alguns ideólogos do Pentágono.Não quero fazer deste exemplo uma evocação ingênua de reclames anti-americanos mas creio que o debate sobre a violência e as drogas deve ser sustentado numa escala de análise geopolítica. As formas de controle social que viabilizem relações legítimas de produção, distribuição e consumo de drogas são afetadas pelos mesmos mecanismos que as difundem globalmente: instrumentos de comunicação virtual, lobbies, armas e dinheiro. E por debaixo de todo este império vige um império ainda maior: o "império dos sentidos", a difícil e intricada relação entre prazer e repressão.

Todos queremos nos civilizar mas quase sempre não desejando de pronto o "mal-estar da civilização". O mais problemático disso tudo, ao meu ver, é a formação de um consenso alimentado por ignorância que toma a sociedade de forma dual – bandidos e não-bandidos –, obscurecendo a trama que parece fundir medo e silenciamento público, estendo a eliminação do "bandido" ao uso indiscriminado da força nos ambientes nos quais estes supostamente se (de)formam: as comunidades de baixa renda situadas no interior e nos grandes centros urbanos, integradas marginalmente ao mercado de trabalho e à sociedade de consumo que suscita expectativas imediatas de fruição de bens contrastantes com o preenchimento das condições básicas de existência: moradia salubre, alimentação regular, transporte e lazer dentre outras.

Não tenho opinião formada sobre a legalização das drogas. Sei que algumas drogas, para além do álcool, já sofrem um aceite alvissareiro por amplas camadas da população e de seu “público educado”. O prazer é uma dimensão de hoje e sempre na vida humana, mas também é um fenômeno histórico que implica, necessariamente, o reconhecimento de sua organização social em condições opressivas: mais-prazer para alguns e mais-repressão para a maioria. Dizer tudo isso talvez não seja tão óbvio se considerado o recurso aos alucinógenos como auto-alienação de uma vida não vivida para si.


Lendo e debatendo "Eros e Civilização" (Herbert Marcuse, 1964) aprendi que liberalidade dos costumes não é o mesmo que liberdade política. A sublimação dos instintos (ou pulsões) reside conteúdos potencialmente criativos - a fantasia, única faculdade humana não redutível ao tabu da consciência.Do ponto de vista de nossa formação, talvez possamos dar prosseguimento ao debate ao tomar a fantasia como um atributo da "imaginação sociológica" ou da atividade estética dos inúmeros intérpretes e reinventores do cotidiano que, apesar de viverem a apartação de suas individualidades, esboçam atos, palavras e imagens de resistência ainda carentes de elaboração política coletiva.

Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Jr. Sociólogo / Mestrando em Políticas Sociais (UENF)

PS: Texto repostado a pedido do autor.

domingo, dezembro 02, 2007

São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

Cana de assucar

RELATOR ESPECIAL DA ONU SOBRE O DIREITO À ALIMENTAÇÃO, O SOCIÓLOGO SUÍÇO JEAN ZIEGLER ATACA A "REFEUDALIZAÇÃO" DA SOCIEDADE E ACUSA O BRASIL DE AUMENTAR A FOME NO MUNDO AO INVESTIR NO ETANOL DERIVADO DA CANA-DE-AÇÚCAR

MARCELO NINIODE GENEBRA O monstro está de volta. Quatro séculos depois de engordar as oligarquias e escravizar os miseráveis no período colonial, a cana-de-açúcar volta a ganhar a mesma aura de santidade no Brasil. E com efeitos sociais semelhantes. O alerta, exposto em tom quase dramático, é do sociólogo suíço Jean Ziegler, que se tornou um dos mais duros críticos da produção de biocombustíveis, incluindo o etanol brasileiro. Como relator especial da ONU sobre o Direito à Alimentação, Ziegler apresentou um estudo no fim de agosto em que aponta a febre do biocombustível como um dos principais fatores da alta nos preços dos produtos agrícolas básicos, com impacto direto no aumento da fome no mundo. O fato de ser um admirador confesso do presidente Lula não impediu o polêmico ex-deputado socialista de declarar guerra ao projeto mais celebrado do governo brasileiro internacionalmente. "Usar terras de agricultura para o etanol é um crime", diz Ziegler. "Socialmente é um enorme retrocesso para o Brasil." Em conversa com a Folha no pátio do Instituto de Estudos do Desenvolvimento, onde leciona em Genebra, Ziegler chamou de "hipócrita" o argumento do governo brasileiro em defesa do etanol. Ele também explicou a tese de seu livro mais recente, "O Império da Vergonha" (ainda não publicado no Brasil), segundo a qual o poder excessivo das multinacionais mergulhou o mundo em um período de "refeudalização". Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

FOLHA - O sr. sempre demonstrou admiração pelo presidente Lula. O etanol mudou essa opinião? JEAN ZIEGLER - O presidente Lula é um homem profundamente honesto e autêntico. O programa Bolsa Família é muito bom. Tirar 11 milhões de pessoas da pobreza é louvável. Mas a conversão de terras de agricultura em terras para o bioetanol é um erro profundo. A fome continua sendo o problema primordial do Brasil. Segundo a Pastoral da Terra, há 22 milhões de subnutridos no Brasil. Um dos principal argumentos do governo brasileiro é o de que o etanol brasileiro é feito da cana, que não é usada para alimentação. Com isso, estende a cana a todo lugar.

FOLHA - Que mal há nisso?

ZIEGLER - Os dois maiores sociólogos da história do Brasil, Gilberto Freyre e Fernando Henrique Cardoso, em seus livros mais famosos, "Casa-Grande e Senzala" e "Capitalismo e Escravidão", defendem a mesma tese: a cana-de-açúcar é a desgraça do país.Latifúndio, fome, subdesenvolvimento, miséria, tudo isso vem do açúcar. Milhares de cidades e vilarejos passam a ser cercados por esse monstro, que é a cana-de-açúcar.Durante um tempo o açúcar sofreu um declínio, e a agricultura se desenvolveu. Agora esse monstro está de volta, devorando a terra da agricultura. O açúcar voltou a ser santificado, como na época da colônia, quando a oligarquia enriqueceu e a música, a cultura, tudo era pago pelo açúcar.Em vez de o PT promover a agricultura familiar, volta ao açúcar, que significa concentração de terras nas mãos das multinacionais e das oligarquias. É muito mais que um problema de produção.Socialmente o Brasil sofre um enorme retrocesso, volta ao período colonial.

FOLHA - O sr. não vê diferença entre o etanol de cana e o feito de alimentos como o milho, como o norte-americano?

ZIEGLER - Concordo que há diferença. Com um tanque de 50 litros, um carro movido a etanol de milho consome 205 quilos de milho. A mesma quantidade é suficiente para alimentar uma criança mexicana por um ano. No momento em que enche o tanque, você tira o alimento de uma criança. É uma conseqüência direta. Mas o argumento brasileiro é hipócrita. Porque, se você aumenta a produção de cana, isso ocorre à custa de plantações de alimentos, o que dá no mesmo. Há outro argumento usado pelo presidente Lula, o de que o Brasil tem 90 milhões de hectares não cultivados. O problema é que o investimento e a água usados para o etanol acabam sendo tirados de outros cultivos. E, quando esse modelo é adotado, o alimento passa a ser importado. O que acontecerá com a miséria no Sergipe, Piauí, Pará, em Alagoas, onde as pessoas não têm terras ou têm áreas pequenas demais? Essa população de 22 milhões de desnutridos vai aumentar. Portanto, o argumento de que a cana não é alimento é totalmente hipócrita. Outro efeito negativo do etanol é a devastação das florestas na Amazônia e no Mato Grosso.

FOLHA - O governo diz que praticamente não há plantio de cana na Amazônia.

ZIEGLER - Mas há. Há destruição de floresta da Amazônia não só para a plantação de soja, mas também para a de cana.

FOLHA - O lado positivo do etanol, como a preservação do ambiente e o aumento do emprego, não compensa essas desvantagens?

ZIEGLER - O lado negativo é muito maior. A fome é o maior problema da humanidade, o mais urgente, e continua a ser a principal causa de mortes no mundo. No ano passado, 36 milhões de pessoas morreram de causas diretas ou indiretas ligadas à desnutrição. A cada cinco segundos uma criança abaixo de dez anos morre de fome. A cada quatro minutos, alguém perde a visão por falta de vitamina A. Ao menos 854 milhões de pessoas sofreram com desnutrição em 2006. E o problema está aumentando, porque em 2005 esse número era de 842 milhões. A fome continua a ser a principal causa de mortes neste planeta. Atinge um em cada seis seres humanos. O etanol promete mais empregos, mas no meu relatório eu mostro que isso não é verdade. No Brasil, cem hectares de terra dedicados à agricultura familiar geram 35 empregos, enquanto a mesma área dedicada à plantação industrial de cana gera apenas dez empregos. O etanol aumenta a miséria e o desemprego. A terra se torna tão cara que as famílias não conseguem mais subsistir. É um retrocesso social histórico e um afastamento de tudo a que o Brasil moderno aspira.


FOLHA - Como a alta nos preços dos alimentos está afetando o direito à alimentação?

ZIEGLER - Em 2005, uma tonelada de trigo custava US$ 145 na Bolsa de Chicago. Hoje esse preço pulou para US$ 352. Não é por falta de produção. A produção de trigo neste ano foi de 2,1 bilhões de toneladas. O milho teve a mesma explosão. Dos 53 países africanos, 31 têm que recorrer aos mercados mundiais para cobrir seus déficits de alimentos, pois sua produção é insuficiente para suprir o mercado interno. E têm que pagar preço de mercado. Se esses alimentos sobem tanto de preço, esses países não conseguem manter suas populações alimentadas. E os preços das commodities agrícolas estão subindo por causa do aumento da demanda causado pela febre dos biocombustíveis, como o etanol.


FOLHA - Não apenas.

ZIEGLER - Sim, mas principalmente por causa do etanol. O Programa Mundial de Alimentos da ONU no ano passado alimentou e manteve vivas 91 milhões de pessoas com ajuda humanitária. Mais de 60% dessa ajuda veio de excedente na produção americana. O "New York Times" noticiou que neste ano o departamento da Agricultura fornecerá apenas metade do volume de ajuda fornecida no ano passado, porque os preços estão tão altos que eles não podem mais comprar o excedente. Nos campos de Darfur [Sudão], por exemplo, há 2,2 milhões de pessoas deslocadas pela guerra. Lá a ONU não está conseguindo manter as pessoas alimentadas e vivas. Por causa do bioetanol. Ponto. Se isso não é um crime, não sei o que é.


FOLHA - O sr. não leva em consideração o outro lado desse debate?

ZIEGLER - Não. Há argumentos em defesa do etanol, mas nenhum é mais importante do que manter as pessoas alimentadas. O argumento da mudança climática, acelerada por causa do petróleo e diesel, faz sentido. Mas a prioridade absoluta é manter o ser humano vivo.


FOLHA - O que o senhor propõe?

ZIEGLER - Proponho uma moratória. Não vou tão longe como organizações como Greenpeace, Oxfam e Médicos sem Fronteiras, que querem a interdição do etanol. Proponho uma moratória de cinco anos. O motivo é simples: quero ganhar tempo. Nos laboratórios de São Paulo e Zurique os cientistas estão a ponto de criar uma tecnologia que transforme lixo agrícola em bioetanol. Outro exemplo: a Mercedes-Benz está desenvolvendo na Índia um arbusto, a Jatropha, que cresce apenas em regiões semidesérticas e é totalmente adequado para ser convertido em etanol. Tem frutos quase venenosos, não comestíveis. Em cinco anos esse método estará avançado para que em áreas do sertão de Pernambuco, por exemplo, possam ser plantadas mudas de Jatropha, onde alimentos não crescem. Fiz essa proposta na ONU em 5/10 passado e fui violentamente atacado pelo embaixador brasileiro. Um representante do governo boliviano me ligou para dizer que a Bolívia apresentará uma resolução em dezembro para votar a proposta. E estou razoavelmente otimista de que venceremos.


FOLHA - Em entrevista à Folha, o secretário-geral, Ban Ki-moon, disse que sua posição sobre o etanol não é a da ONU.

ZIEGLER - É verdade. O relator é totalmente independente. Meu papel é escrever um relatório como especialista e fazer recomendações.


FOLHA - Que lições tirou do processo de elaboração do relatório?

ZIEGLER - Aprendi que os conglomerados agrícolas, o chamado agribusiness, é imensamente poderoso no mundo de hoje. Monsanto, Syngenta, Cargill. Em 2006, as 500 maiores empresas multinacionais privadas do mundo controlavam 52% do PIB mundial. É um poder imenso o desses atores não-governamentais. E exercem uma pressão gigantesca no Brasil, sobretudo as americanas.


FOLHA - O que é a "refeudalização" do mundo, de que o sr. fala em seu último livro?

ZIEGLER - Vivemos o fim de uma era. A Revolução Francesa [1789] abriu caminho para a civilização que conhecemos, balizada por princípios como direitos humanos, poder com origem no povo, solidariedade, justiça social, força da lei. Esses valores estruturam o mundo civilizado. Mas agora há o nascimento de uma nova civilização: a globalização, o mundo de um só mercado. O capital financeiro assumiu o poder. Não o industrial ou o comercial, mas o poder financeiro. Isso criou uma riqueza imensa. Na primeira década da globalização, entre 1992 e 2002, depois da queda da União Soviética, segundo o Banco Mundial, o PIB mundial mais que dobrou. O comércio triplicou. O consumo de energia dobra a cada quatro anos. A produtividade é imensa. Liberalização, privatização, livre circulação de capital e serviços, redução drástica do setor público. Isso liberou forças econômicas imensas, é verdade. Mas, ao mesmo tempo, os senhores do capital financeiro, as oligarquias, conquistaram um poder que nenhum imperador, papa ou rei jamais teve. Uma monopolização incrível: a refeudalização do mundo. Ao mesmo tempo, o número de famintos e de epidemias aumentou. A miséria hoje é pior que no tempo da escravidão.


FOLHA - Os números mostram que a globalização também tirou milhões de pessoas da pobreza, em países como Brasil, Índia e China.

ZIEGLER - Não. Isso é uma ilusão demográfica. Os números absolutos de pessoas vivendo em pobreza extrema, com menos de US$ 1 por dia, aumentaram.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0212200713.htm (acessado em 02 de dezembro de 2007)

domingo, novembro 25, 2007

Ainda sobre os "Heróis" de Lula ver blog do Prof. Roberto Moraes:

http://robertomoraes.blogspot.com/2007/11/quando-pessoa-no-liga-para-o-humano.html#comments

terça-feira, novembro 20, 2007

A economia fluminense tem crescido, há mais de uma década, mais rapidamente que a do resto do país.

Isto, contudo, não se tem traduzido numa melhora significativa da qualidade de vida de grande parte da população. Este processo, de fato, se dá essencialmente em função do extraordinário dinamismo do setor extrativo mineral (petróleo). Um setor intensivo em capital, que concentra o grosso de suas atividades no Norte do Estado, gera poucas recaídas para a Região Metropolitana, onde moram três de cada quatro moradores do Estado do Rio de Janeiro. Isto tem feito com que este crescimento acima da média nacional não reflita numa melhora dos indicadores do mercado de trabalho, muito menos dos indicadores sociais: a proporção de pobres no Estado, de fato, reduz-se mais vagarosamente que no resto do país.

Por outro lado, há de se considerar que o petróleo é um recurso finito, cuja perspectiva de demanda no médio prazo tem sido colocada em cheque pela crescente consciência, por parte da opinião pública mundial, de que sua utilização extensiva contribui para o aquecimento global. Além disso, é preciso preparar o Rio de Janeiro para o período de declínio da produção. A situação do estado pós-petróleo dependerá de ações tomadas no presente. A correta combinação do uso dos recursos gerados pela indústria de petróleo e gás com políticas públicas voltadas à melhoria do ambiente de negócios para micro e pequenos empreendedores, ao incentivo à produção de serviços especializados, demandados pelo setor de energia, ao incentivo à inovação e a diversificação da economia local são exemplos.

Torna-se necessário, portanto, elaborar uma estratégia de desenvolvimento mais ampla, inclusiva e sustentável.

Este projeto tem o objetivo de mobilizar as forças vivas da sociedade fluminense (diferentes níveis de governo, empresariado, academia e sociedade civil) numa série de debates em torno deste tema, bem como o de sistematizar e divulgar, em ampla escala, seus resultados, de modo a alimentar políticas públicas, em particular (mas não somente) do Governo do Estado, voltadas à melhora mais acelerada e acentuada das condições de vida da população do Rio de Janeiro.

Vejam mais detalhes em:
http://www.rioalemdopetroleo.com.br/

Altamente elogiável a iniciativa!
Entre heróis, moluscos e nossas desgraças cotidianas na planície
herói[Do gr. héros, héroos, pelo lat. *heroe.]Substantivo masculino 1.Homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade. 2.P. ext. Pessoa que por qualquer motivo é centro de atenções. 3.Protagonista de uma obra literária. 4.Mit. Semideus (2). [Fem.: heroína.](Dicionário Aurélio)
É poderosa a imagem pré-moderna que o “herói” ocupa no imaginário ocidental. Desde Nietzsche, com seu super-homem (übbermensch), até as revistas em quadrinhos, passando pelas auto-compreensões socialistas e nacionalistas, entre direita e esquerda, vemos esta figura síntese histórica, capaz de feitos extraordinários, povoar nossa imaginação. O herói, como aponta a definição do Dicionário Aurélio, é o exato oposto do homem comum, do cidadão burguês típico, partícipe de normas sociais, coagido por essas, depósito de neuroses e mediocremente finito. O herói vem nos absolver e romper os grilhões da vida cotidiana prostradora.

Não é meu objetivo aqui tecer um estudo sociológico, histórico, psicológico ou ainda etimológico do termo “herói” entre nós. Todavia estas ponderações são necessárias após ter escutado, na sanha lulista de buscar uma saída para nossas misérias, que os usineiros seriam nossos “heróis nacionais”. Senti-me triplamente ofendido. Primeiro como militante de esquerda. Segundo como morador de Campos dos Goytacazes, esta realidade tão longe de Deus e tão perto de Garotinho. Terceiro como cidadão.

Como militante de esquerda, da qual Luis Inácio Lula da Silva é ainda um dos ícones nacionais mais relevantes das últimas décadas, aprendi a ter profunda desconfiança desta instituição tão abrasileirada que é o latifúndio. Em relações trabalhistas degradantes, patrocinadas pelos heróis de Lula, vemos gerações repetidamente condenadas a reproduzirem sua condição de miserabilidade. Meninos e meninas, submetidos ao sadismo da Casa Grande e Senzala, tão fartamente descrita por Gilberto Freyre, mutilados continuamente em um sentido ontológico e cognitivo. Não foram jamais convidados para participar de nosso banquete iluminista. Vivem, no século XXI, sob condições de trabalho que já eram suficientemente aviltantes no século XVI.

Como morador de Campos dos Goytacazes, ocupa minha memória infantil aquela famosa “chuva preta” de fuligem. Neste mesmo fragmento de memória está a imagem de minha mãe obstinadamente tentando travar uma luta que já era em si perdida. Arregimentar todo aquele pó preto, que evidentemente deve ter causado problemas inúmeros para a saúde local, era uma tarefa impossível e insalubre. Pensei, como pode chamar os responsáveis por esta prática hedionda e anti-civilizatória de heróis meu caro Lula? Cena esta que sei não é restrita a nossa cidade, possivelmente sendo repetida incansavelmente no nordeste brasileiro onde, assim como aqui, a população silenciosamente aturou estas toneladas de poluição sobre suas cabeças. Estes senhores merecem ser chamados de heróis realmente?

Por fim, como cidadão me preocupo enormemente. Pago meus impostos. Reconheço, diferentemente da classe média (ah, a classe mérdia!) nacional as profundas disparidades sociais. Meu papel, como cidadão, é justamente o de exigir que estes impostos sejam empenhados em políticas sociais eficazes. Surtam efeito em políticas educacionais que enfrentem a o moinho da reprodução de desigualdades. Que gerem pesquisas e enfrentem os gargalos infra-estruturais do desenvolvimento nacional dado que as chamadas “forças de mercado”, embora arrotem um discurso liberalizante, são as primeiras e piranharem o Estado exigindo subsídios, obras, empréstimos, recursos. Nossa burguesia, a qual não pode ser resumida a um Visconde de Mauá, é uma classe odiosa, preguiçosa... Mas, isto é assunto para outro momento.

Todavia ao ver os usineiros, aqueles que receberam esta alcunha de heróis, e o fracasso parasitário do pró-alcool, eu como cidadão estremeço. Estes senhores mais uma vez, por sua bancada ruralista que já é em si um grupo de pressão suficientemente poderoso e anacrônico, irão colocar suas mãos sujas sobre o meu, o seu, o nosso dinheirinho. Quando se vê o homem que comanda o executivo nacional chamá-los de heróis, isto significa, em termos práticos, que estes senhores terão, mais uma vez, um privilegiado canal de negociação com o Estado. Terão empréstimos. Terão subsídios. Terão, ainda, o reforço de sua estrutura latifundiária sanguessuga para os próximos tempos.

Este libelo contra os usineiros é conjunturalmente localizado. Os “heróis” obtiveram uma importante vitória na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) obtendo a permissão para continuarem ateando fogo nos canaviais na contra-mão do atual discurso ambientalista que contamina inclusive o establishment sendo, evidentemente, profundamente re-significado.

Pelo visto minha mãe continuará obstinadamente esfregando o chão de nosso quintal porque os heróis de nosso presidente assim prosseguem. Prosseguirão com todas as suas práticas anti-civilizatórias e gozando de legitimidade.

Como finalizaria Millor Fernandes : "Assim passam os dias".
George Gomes Coutinho
Mestre em Políticas Sociais - UENF

segunda-feira, outubro 08, 2007

II PRÉ–FORÚM DOS ANIMADORES CULTURAIS
NORTE / NOROESTE FLUMINENSE

18 / 10 / 2007 (quinta-feira)
MANHÃ

9:00-9:20 - Abertura
9:20 – 12:00 - Mesa I : “Fundamentos e perspectivas da Animação Cultural”
Expositores:
Animação Cultural ontem e novos desafios: teoria e história – Adelia Miglievich e Fabiano Rangel
Animação Cultural hoje: análise dos relatos dos gestores educacionais – Andreza Leitão e Ivanisy Amaral
Olhares sobre a Animação Cultural nos CIEPs – Paulo Sérgio R. da Silva Jr e Cláudia Aguiar

TARDE


14:00 – 17:00 – Mesa II :“Regulamentação profissional do Animador Cultural, do Estado do Rio de Janeiro.”
Expositores:
Graciete Nogueira
Soneli Antunes
Caíque Botkai
Ricardo Fonseca
Sandra Regina Rosário
18:00 – Encerramento



Organização: NETS/LEEA/CCH e SEPE - Campos/RJ e SEPE Rio de Janeiro

Apoio: PROEX/ UENF

quinta-feira, outubro 04, 2007

Lembranças de “Tristes Trópicos”
(Paulo Sérgio R. da Silva Jr., sociólogo)

Apesar de publicar depois de tanto tempo minhas impressões da leitura de “Tristes Trópicos”, elas ainda perfilam a lembrança dessa obra eminentemente contemporânea. O comentário que segue alude à visão de Claude Lévis-Strauss acerca de um mundo cuja face não nos é mais permitida conhecer diretamente mas que, pela incursão etnográfica de um cientista europeu iniciando carreira, aparece-nos como um retrato crível da construção da modernidade brasileira.

A viagem feita de navio por Lévis-Strauss, odiável pelos contratempos oferecidos, permite-lhe constatar um mundo onde as distâncias físicas e políticas entre os países se tornavam cada vez menores. Não que isso signifique um progresso realizável simetricamente, pois, passo a passo, residia a perplexidade de uma miséria lastreada por um progresso tão mais universalizável quanto a difusão das benfeitorias tecnológicas da civilização. Na sua narrativa, duas impressões acerca do Brasil e da América do Sul são dignas de nota: se o primeiro lhe parecia ingenuamente oposto à representação extraída de referências etnocêntricas, na América do Sul, a imagem consagrada de “paraíso” não condizia com a condição de continente submetido a intervenções externas viabilizada pela estrutura de poder sob hegemonia de elites locais, em via oposta ao seu desenvolvimento autônomo. Para Lévis-Strauss a “terra de oportunidades” assim o era apenas para grupos privilegiados que devido a sua envergadura econômica poderiam capitalizar os recursos ainda não explorados sem deixar nada em seu lugar. Olhando para o contexto de origem e deparando-se com o inesperado a cada instante, sua atenção desloca-se sem desembaraço da percepção política à mudança de hábitos conforme vai emergindo na atmosfera nova. O calor dos trópicos, os sabores e olores diversos parecem ampliar seu horizonte cultural e sensorial ao acrescer códigos de conduta até então inéditos. A mudança de status econômico também lhe chamara atenção; se na França era pobre, aqui experimentara ser “cidadão de alta classe”.

A visão de outros europeus próximos dos índios estudados por Levis-Strauss são exemplos de como os intérpretes autorizados do velho mundo concebem a humanidade desses homens e mulheres. Sobre os índios do Tabaji, a impressão de índios assimilados pela cultura do homem “branco” seria, como citado, um exemplo da indisposição em relativizar sua própria cultura e de quanto esta, uma vez naturalizada, definiria uma suposta mentalidade indígena. Não desprezando certa propensão à entrada de valores exógenos na cultura indígena, Lévis-Strauss preocupa-se em identificar as resistências culturais à aculturação na qual faz distinguir os povos autóctones em sua fisionomia própria. Esse exercício será uma constante em seu trabalho de observação junto às outras tribos que participou durante sua expedição pelo interior em muito desconhecido do país.

As experiências com os índios revelaram modos de vida em verdadeira antítese com o padrão dominante de relação dos homens com a natureza e com os outros homens. Mas, para a angústia de Lévis-Strauss, essa sorte de transitar em sociedades humanas numa ambiência cultural que seguia seus próprios ritmos seria logo um espaço e um tempo que jazem solitariamente na lembrança de um antropólogo experiente. Não só o processo de aculturação mas também a resistência dos índios ao processo civilizatório e sua dizimação física e espiritual, tendo como caso trágico os Nambiquara, figuram uma viagem catártica de um cientista solidário à condição humana.

domingo, julho 30, 2006

Pessoal,

Resolvi criar no Orkut um espaço específico para a discussão de temas relacionados ao campo da Sociologia Política. Me senti motivado por considerar que há relativa precariedade no processo de estabelecimento das fronteiras deste campo.

Primeiro o link:http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=17920355Agora o texto de apresentação:

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Bem vindos!


Esta é a comunidade que visa congregar estudiosos, pesquisadores, professores e demais interessados no campo específico da Sociologia Política.Propõe-se debater de Marx até Weber e Mannheim, passando pelos contemporâneos Habermas e Bourdieu, Jessé Souza e José Maurício Domingues, sem esquecer Werneck Vianna, Florestan Fernandes, Victor Nunes Leal e tantos outros que há muito produziram e produzem obras fundamentais neste campo.

Se você aposta que seja possível a criação de uma rede virtual de pesquisadores visando aumentar a rotinização e institucionalização deste campo científico no Brasil e em demais países de língua portuguesa, junte-se a nós!

Este é um espaço que ambiciona além do “bom combate” teórico também a divulgação de eventos relacionados a área, chamada de artigos para publicação em revistas acadêmicas e a publicização de obras lançadas sobre esta temática.

Sinta-se a vontade!

Divulgue a comunidade para aqueles(as) que tenham interesse na área.

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Embora seja apenas um setor muito específico da Sociologia, e ainda mais das Ciências Humanas, peço divulgação. Quem sabe de fato não é construída uma rede?


George Gomes Coutinho

sexta-feira, junho 09, 2006

MEC – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CES- CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS
PRO- REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO/ESR

I SEMINÁRIO DA PÓS - GRADUAÇÃO DO ESR/UFF

Titulo: TRABALHO, POLÍTICAS SOCIAIS E MEIO AMBIENTE: OS DESAFIOS DA CIDADANIA NA GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL

Data: 21 de Junho de 2006 (quarta-feira)
Local: Auditório Cristina Bastos / CEFET
Campos dos Goytacazes/RJ.

Abertura: 9h


Mesa 1: Espaços Públicos e controle democrático sobre as políticas para idosos
Palestrante: Prof.Serafim Fortes da Paz (Bacharel em serviço social pela UFF/Campos, Doutor em Educação pela UNICAMP/SP. Atualmente é diretor da Escola de Serviço Social da UFF/ Niterói. Foi presidente da Associação Nacional de Gerontologia (2000-04) e atua como docente em diversos cursos de Especialização no campo da geriatria e gerontologia. Como pesquisador, concluiu o projeto de pesquisa Velhice para quem? Direitos sociais, políticas públicas e participação popular – controle social e processo de cidadania e luta por direitos).

Debatedor: Profa. Ana Maria Almeida da Costa
ESR/UFF


Mesa 2 :

Políticas Públicas de Inclusão Econômica: desafios à universalização do direito ao trabalho

Palestrante: Prof. Márcio Pochmann.(Economista, professor e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. Foi secretário municipal de Desenvolvimento e Trabalho de São Paulo. Autor de “A Década dos Mitos”, Pochamnn é um renomado especialista em questões de desemprego, trabalho e renda).

A Construção Histórica dos Programas de Transferência de Renda: possibilidades e limites do Bolsa Família para enfrentamento da pobreza no Brasil.

Palestrante: Maria Ozanira Silva e Silva (Assistente Social, Professora da UFMA e pesquisadora do Grupo de Avaliação e Estudos da Pobreza e de Políticas direcionadas à Pobreza – GAEPP, um grupo de pesquisa voltado para a avaliação de Políticas de Geração de Emprego e Renda, de Políticas e Programas Sociais e de Transferência de Renda. Recentemente publicou, em parceria com Maria Carmelita Yasbeck e Geraldo Di Giovanni, o livro “A Política Social Brasileira no Século XXI”).

Debatedores: Professor José Luís Vianna da Cruz - ESR/UFF
Professora Rosany Barcello – ESR/UFF

Mesa 3 : Educação Ambiental, Mediação de Conflitos e Políticas Públicas.
Palestrante: Professor Carlos Frederico Loureiro (Bacharel em Ecologia, Doutor em Serviço Social e Professor da Faculdade de Educação da UFRJ. Pesquisador do NUPEM/ UFRJ é autor de inúmeros artigos em periódicos nacionais e internacionais. Recentemente publicou “Fundamentos da Educação Ambiental”, pela Cortez.)

Debatedor: Prof. Aristides Artur Soffiati Neto - ESR/UFF

Coquetel de Encerramento.

Vagas Limitadas
Inscrições Gratuitas
Período: 12 a 20 de junho
Local: Secretaria da Pós-Graduação do ESR
Rua : José do Patrocínio, 71
Centro . Campos dos Goytacazes/RJ
Tel.: (22) 2722-0622, 2733-0310

domingo, junho 04, 2006

Prezad@s,

O link http://www.sosuerj.w3br.com/index.asp leva a um abaixo assinado virtual em defesa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma das mais tradicionais universidades públicas brasileiras que vem sofrendo abusos constantes por conta da ingerência do governo dos garotinhos nos últimos anos.

Defender a universidade pública é defender a produção livre de conhecimento...

Um abraço e participem desta campanha!

George

PS: Divulguem!
Os Trinta Centavos da Discórdia (Economia e Política)

Hoje, neste domingo cinzento, as passagens urbanas no transporte rodoviário aumentam para insensíveis e aviltantes trinta centavos. Provavelmente para a vida de classe média estes trinta centavos pouco ou nada significam dado que normalmente este estrato da população só pega o “buzu” vez ou outra quando vai buscar o carro no mecânico (se tanto!).

O problema é que um aumento deste porte em uma cidade com um IDH (índice de desenvolvimento humano) dos mais baixos do estado, e com níveis absolutos de pobreza comparáveis ao nordeste brasileiro, cai como uma bomba de alguns megatons nos orçamentos familiares das fatias mais pobres da população. Provavelmente teremos nos próximos meses um ainda maior congestionamento na nossa ciclovia, que, diga-se de passagem, deveria merecer mais cuidados pelas elites administrativas locais dado que é uma das artérias mais pulsantes de nossa cidade, servindo de espaço de trânsito de inúmeros ciclistas indo em direção ao trabalho/escolas/universidades.

Retornando aos “buzus”, as greves patronais comandadas pela parasitária classe de “empresários” do transporte, que trabalham com reserva de mercado em uma estrutura global oligopólica na planície goytacá, conta com seus agentes privilegiados na “imprensa” marrom campista. Tamanha acefalia repetida ad nauseam em jargões vazios e nada reflexivos como “excesso” de gratuidades, ignorando solenemente o plano dos direitos objetivos CONQUISTADOS, trazem em seu bojo uma lógica invertida. Em um exercício verborrágico e reacionário que desafia nossas inteligências, a falência do transporte público municipal é motivado por estes “amaldiçoados” direitos e pela concorrência “desleal” das vans.

Mas, por favor, convenhamos! Quando que esta faixa empresarial, como disse parasitária em sua imensa maioria, investiu de maneira decisiva na qualidade dos transportes? É histórica a insuficiência e ineficiência praticadas em doses galopantes, com trabalhadores mal qualificados, mal educados no trato do público, em máquinas que seriam dignas de figurarem como cenários de trens fantasmas: sujeira e ferrugens. Não existem horários para o transporte motivados talvez por uma insana corrida, um rally dos passageiros, entre empresas na 28 de março...

Ora... Por mim a resposta digna a mais este abusivo aumento, que deveria ser questionado na justiça, só pode ser um: BOICOTE! Mas, por favor, senhores formadores de “opinião”, peço que produzam algo, se quiserem justificar o injustificável, de maneira mais arguta da próxima vez...

George Gomes Coutinho
Mestrando em Políticas Sociais - UENF